Gracinha hoje virou planta. Escolheu o jardinzinho para abandonar o corpo e permanecer.
Falamos sobre a diferença entre percepção e sensação. Isso porque ela contou da dificuldade de permanecer em sala trabalhando sozinha.
Hoje brincamos de cegueira. E ela cruzou mundos, de olhos fechados.
“Todo cego tem o direito de dizer ‘eu me imagino’. E se imaginar é ter imagem.” (Eugen Bavcar)
Permanecer, para descobrir pausas e silêncios. Durar, ao invés de suceder. Duração é diferente de sucessão, Bergson já nos disse.
Andréa
Andrea, também trabalhei no escuro estes dias. Pensei na pausa que gera o movimento e no movimento que gera a pausa. E depois de tudo isso senti que precisava buscar um descontrole um incomodo e descobri as retas, a geometria e um pulso que me leva um equilibrio que desequilibra. Movimentos que afirmam, um corpo que antes de estar se afirma. Para mim é bem estranho. Vontade de estar perto. Saudade deste espaço. Me lembra meus ensaios, você, conversas, almoço e jantar, João Fiadeiro, bienal, mais conversas…
Oi, Andréa e Graça
Duração e permanência são duas palavrinhas que vem me ajudando muito a perceber a dança de outros modos. Ajuda no sentido de refletir sobre as “possibilidades” e “necessidades” de fazer dança.
Arrisco então:
Permanecer como diálogo mútuo entre nãos, sins e talvezes; como estratégia humana de sobrevivência; de cumplicidades com o tempo.
Duração como lógica regular do tempo; tem a ver com o tempo de ocorrência de eventos/acontecimentos que criam permanências singulares.
De outro modo:
Quanto tempo dura a sensação de um abraço, quando se tem o momento da espera do abraço, o durante o abraço e o depois do abraço? Como este abraço permanece como memória viva? E o sorrir?
Enfim,
aqui em Lisboa, tenho percebido coisas, sensações boas de uma Fortaleza interior…
bj
Joubert.